Três escritores misteriosos que não sabemos nem se existiram mesmo.

   História é uma ciência difícil, sendo difícil separar lendas de fatos. E muitos escritores, independente se tenham ou não existido, se tornaram lendas devido ao seu talento. Muito se fala deles até hoje e não sabemos quem foi o primeiro a contar a história deles. Aí nos damos conta de que não temos muita evidência de que tenham mesmo existido. Esse artigo considerará 3 escritores, um deles brasileiro, que se tornaram lendas, que nem pensamos na possibilidade de que não tenham existido, mas que é difícil confirmar sua existência.
   O artigo é uma pesquisa que não intenciona comprovar que essas pessoas são "fake", a intenção é apenas levantar esse assunto para consideração (e você pode defender o seu ponto de vista nos comentários). Até porque, comprovar que não existiram de fato é tão difícil quanto comprovar que existiram.

William Shakespeare

   Segundo os historiadores convencionais, Shakespeare era um simples camponês. Assim, suas peças de teatro, geniais, que demonstram conhecimento em mitologias, linguística e ciências, são tão geniais, que isso leva muitos peritos a duvidarem de sua existência como pessoa, alegando que Shakespeare era um pseudônimo que diversos autores usavam. Ou então que Shakespeare era um homem comum cujo nome ele emprestava, ou vendia para outros autores usarem como pseudônimo.
   Os argumentos desse peritos, como o russo Ilia Guililov, são a ausência de registros de Shakespeare em qualquer escola da época; a grafia variante de como seu nome era assinado, Shakespeare, Shakpeare, Shake-Speare, etc (a título de curiosidade Shakespeare significa "Balançar a lança" em inglês antigo) e a parca evidência de um Shakespeare real além de suas obras.
   Para piorar, em uma das poucas evidências não literárias de Shakespeare, o seu testamento, não há menção de nenhuma peça que tenha produzido, ou de nada relacionado ao teatro; embora demonstre que Shakespeare tivesse ricas posses.
   Guililov chegou a afirmar, em seu livro "Os Jogos em Torno de William Shakespeare, que Shakespeare era, na verdade, um bêbado analfabeto que emprestava seu nome ao Conde da época, que teria sido, supostamente, o real autor das obras.
   É claro que são hipóteses, mas esses contestadores nos mostram  quão frágeis são as evidências de um Shakespeare genial quando tentamos rebater seus argumentos. Como provar que Shakespeare (que é, diga-se de passagem, um dos meus autores favoritos) realmente existiu? O que temos além de suas obras?
   A graça de uma lenda é justamente essa obscuridade, esse mistério, alguém grandioso que não deixou muitas evidências em meios às brumas do tempo... O fato de as obras de Shakespeare serem tão geniais que muitos até duvidam que alguém inteligente assim tenha existido como uma pessoa só deixam ainda mais claro a genialidade dessas obras e nos faz torcer para encontrem provas cabais da existência dessa lenda chamada Shakespeare.


Homero

   O autor de histórias maravilhosas e fantásticas, escritas em forma de poema épico, principalmente A Ilíada, que conta sobre a guerra de tróia e A Odisseia. O personagem Ulisses, herói em A Ilíada e protagonista em A Odisseia, nos leva a concluir que foram escritas pelo mesmo autor. Será?
   Uma análise no cenário das duas obras levam muitos peritos a acreditarem que A Odisseia foi escrita 100 ou até 200 anos depois de A Ilíada. Ele se baseiam em descrições de comerciantes fenícios em A Odisseia, que seriam incompatíveis com a época de Ilíada.
   Na verdade essa questão de Homero é muito antiga. Ainda na Grécia Antiga esse assunto era debatido por estudiosos da época como Zenão e Helânico. Hoje em dia o debate continua em torno de três possibilidades: Que Homero escreveu apenas A Ilíada ou apenas A Odisséia, que Homero escreveu as duas usando informações histórias para criar o cenário de A Ilíada, que, como vimos,  se passa em uma época mais antiga que A Odisséia ou que Homero sequer tenha existido, sendo seu nome apenas uma alegoria usada por vários poetas gregos ao longo dos séculos que, juntos, escreveram as duas obras.
   Informações precárias sobre a vida de Homero tornam realmente difícil comprovar que ele realmente tenha existido. E se existiu, foi um poeta genial que criou deliciosas histórias até hoje apreciadas em formas de filmes baseados em suas obras.

Gregório de Matos ou Boca do Inferno

   Temos uma lenda literária brasileira também, conhecido como Boca do Inferno, seus poemas satíricos não perdoavam ninguém: negros, brancos, ricos, pobre e até Igreja, que não gostou nada e tratou de condená-lo ao exílio em Portugal. 
   O grande problema é que, embora a literatura convencional, ensinada nas escolas e universidades, o trate, incontestavelmente, como uma pessoa real, não há nada que comprove a sua existência, sequer suas obras já que, na época em que se afirma ter existido, no Brasil Colonial, a publicação era proibida e seus poemas se propagavam de forma oral.
   As biografias de Gregório Matos são cheias de lacunas e sequer sua data de nascimento pode ser estabelecida com credibilidade.
   Seria conveniente para a igreja "descobrir" o verdadeiro autor dos poemas que a satirizavam, conhecido como Boca do Inferno. Aliando isso à falta de registros, além de biografias, sobre a vida de Gregório Matos, muitos desconfiam da existência real desse poeta que tem até uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

  Desbravar a história de forma científica é isso: investigar conspirações, desconfiar que parte da história foi inventada para beneficiar essa ou aquela instituição atual, buscar por provas, sem tradicionalismos... 
   Mas eu acho perfeitamente possível que essas lendas da literatura tenham realmente existido. Eu não subestimo a que ponto pode chegar o talento humano. Quem sabe um dia haverão descobertas que nos dê condições para confirmá-los?




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