Conto, Novela e Romance




  Você, amigo leitor, que gosta de ler histórias cheias de mistério, horror ou fantasia, já teve vontade de escrever suas próprias histórias? Isso é muito natural. A inspiração para escrever não raro provém de uma leitura. Principalmente, histórias de grandes gênios da literatura como Machado de Assis ou H. G. Wells.
  Aqui, no "Histórias de Mistérios", além de eu postar algumas histórias de minha autoria, eu também busco compartilhar o meu aprendizado com vocês. E saber classificar as histórias pelo seu tamanho é importante para planejarmos uma boa história. Nesse artigo, eu explicarei a diferença entre conto, novela e romance; bem como classificações intermediárias.


O Conto


  Aahh o conto... Nada como uma história para ler completa em uma hora ou menos. Algumas gostamos tanto que lemos várias vezes.
  Um conto é uma ficção curta, com uma trama mais direta, normalmente contendo um único conflito. Um bom conto é escrito de forma precisa, densa e deve terminar no clímax. Um conto é muito menor do que um romance, mas não deve ser menos emocionante; é como se um conto fosse uma história concentrada.
  Há subclassificações do conto.
  Microconto. Um conto resumido em uma única frase. Toda uma história deve vir a mente do leitor por meio de uma única frase. Exemplos:


Vende-se um par de sapatos de bebê. Nunca usados. - Ernest Hemingway



Eu ainda faço café para dois. - Zak Nels


  Miniconto. É um conto muito curto. Alguns minicontos sequer chegam a ter mais de dois parágrafos. Posso dar um exemplo de miniconto de minha própria autoria, pois eu já explorei esse gênero. Vejam:



O Buraco no Asfalto - por Fernando Vrech


  Em uma rua deserta de certa cidadezinha surgiu um buraco no asfalto. Era um grande e profundo buraco e os mais cultos na cidade teorizavam que teria sido feito por um bolsão de ar que se formou abaixo do asfalto, talvez devido a um desabamento do lençol freático largamente utilizado em poços na cidade. De fato, alguns reportaram água barrenta em seus poços na época.
  Muitos anos se passaram e o buraco foi ignorado, a rua não era mais transitada nem mesmo por pedestres, dado ao perigo de cair no buraco. Surgiu uma lenda de quem que caísse nesse buraco nunca mais conseguiria sair.
  Contam que um senhor barbudo, morador da vizinhança, caiu no buraco faz dois anos e nunca mais foi encontrado. Os mais céticos afirmam que esse senhor se perdeu na floresta, ou foi assassinado por algum bandido, comido por algum animal selvagem, ou algo assim. Mas seu desaparecimento foi combustível para alimentar a lenda do buraco.
  Recentemente um rapaz, novo na cidade, foi alertado a não passar pela rua do buraco, principalmente por sofrer de labirintite. Poderia facilmente cair no buraco.
  Mas o rapaz resolveu usar a rua do buraco como um atalho para sua casa. E pagou caro pela teimosia. Teve uma crise de labirintite e caiu no buraco.
  Mas, se ninguém consegue sair do buraco, como viemos a saber tantos detalhes da história desse rapaz?
  Obviamente, o rapaz conseguiu sair do buraco.
  - Como você saiu do buraco?! - Perguntávamos surpresos para o rapaz em um bar nas redondezas.
 - Eu consegui sair porque eu não cheguei ao fundo e pude subir pelos escombros. Eu juro pra vocês: duas mãos, lá do fundo, me apararam pelas costas e impediram que eu caísse até o fundo!
  Depois desse relato todos concordamos que só uma pessoa poderia ter segurado o rapaz: o velho barbudo que teria caído lá a dois anos atrás!



Novela



  Quando falamos em novela logo pensamos nas que passam na televisão. Em literatura não é, exatamente, a mesma coisa. Uma novela, em literatura, é uma história ainda curta mas longa demais para ser chamada de conto; e é muito comum ela ser dividida em capítulos.
  Um escritor de uma novela se concentra mais em descrever o desenrolar dos eventos. A trama de uma novela dificilmente contém descrições de eventos paralelos, muitas vezes contando a história de um único personagem central. O clímax no final, também é uma característica das novelas.
  Há também uma subclassificação: a noveleta ou novelete. Que mais curta que uma novela e ainda assim longa demais para ser um conto.
  A idéia de um conto é criar uma história para uma leitura sem interrupções, que o leitor lê de uma única vez. Uma novela seria cansativo ler de uma única vez. Já uma noveleta até poderia ser lido em um único dia, se o leitor ficar imerso o bastante na história mas a preferência ainda seria dividir a leitura em várias seções.


Romance



  Também é muito comum confundir o romance da literatura com o gênero romance dos filmes. Também não é a mesma coisa. Em literatura, um romance não precisa ser uma história de amor. Romance, em literatura, tem dois significados: uma história dentro do movimento artístico romantismo, que retrata personagens e uma história idealizados, um tanto longe da realidade, e, o significado que nos interessa, qualquer história longa... a última classificação no que tange ao tamanho de uma história.
  Em um romance o escritor toma espaço para desenvolver suas personagens, detalhar bem o cenário, criar eventos paralelos (tramas que não raro se encontram no decorrer do livro), reviravoltas na trama, desenvolver conflitos menores dentro de sua história, além do conflito principal. Um romance é uma história bem mais elaborada, que nem sempre é condensada como em um conto e nem sempre é direta como em uma novela. O clímax existe mas, normalmente, não fica no final de um romance; o final muitas vezes é um epílogo da vida das personagens do livro.
  Além de romance há as sagas, que são romances em continuações de outros romances, formando trilogias, tetralogias e por aí vai. Mas um romance, mesmo que tenha continuação, é uma história individual com começo meio e fim.



A quantidade de palavras


  Muitos especialistas em literatura gostam de estabelecer uma quantia de palavras para classificar entre conto, novela e romance. Ainda que considerando a extensão da história, eu prefiro me basear na estrutura dela. Mas cabe nesse artigo citar os requisitos de quem prefere estabelecer uma quantidade de palavras para facilitar a classificação.
  Normalmente, a classificação por quantia de palavras é a seguinte: miniconto é até 1 000 palavras; conto é entre 1 000 e 7 500 palavras; noveleta é entre 7 500 e 17 500 palavras; a novela é entre 17 500 e 40 000 palavras; e o romance é a partir de 40 000 palavras.


  Agora que você já sabe classificar as histórias pela sua extensão, já sabe como colocar a sua história no papel. História longas, médias ou curtas possuem fórmulas diferentes de serem escritas para prenderem a atenção dos leitores. Quanto mais histórias você escrever, melhor você desenvolverá as suas fórmulas.

  Porque não compartilhar esse artigo com algum conhecido que se beneficiaria das informações desse aqui contidas?

 

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