O Horror na Mitologia





   Quem estuda mitologia fica impressionado com a imaginação dos antigos na hora de criar coisas assustadoras. O motivo para isso é, provavelmente pelo fato de que o medo sempre foi um elemento importante para a humanidade sobreviver ao longo do tempo. O que é melhor do que aprender a ficar bem longe do que é perigoso? Claro, ficando longe do que é perigoso também significa não estudar esses perigos, e é aí que a imaginação rolava solta, criando as coisas mais assustadoras que você pode imaginar. Fantasmas, criaturas sem cabeça, ou cabeça sem corpo.
  É interessante notar temas muito recorrentes como canibalismo, a loucura, o engodo, etc. Ao estudarmos mitologia, estamos também estudando história! Aprendendo fatos reais sobre o que as pessoas no passado temiam, ou o que consideravam um forte tabu… tudo virava uma história medonha.
  Então me acompanhem nesse tour pelas histórias horripilantes das mitologias humanas… 



Xing Tian. O Implacável.

  Xing Tian era um bardo leal ao imperador Yan Di. Ele compunha músicas para alegrar os agricultores do imperador.
  Quando o Imperador Amarelo enfrentou Yan Di e saiu vitorioso, Xing Tian acompanhou fielmente Yan Di ao exílio.
  Chi You, outro personagem leal a Yan Di começou uma revolta contra o Imperador Amarelo. Quando Xing Tian desejou juntar-se à revolta, Yan Di não permitiu isso ao bardo.
  Chi You foi, naturalmente, derrotado pelo poderoso Imperador Amarelo. Então Xing Tian empunha um machado e parte furioso para a fortaleza do Imperador Amarelo.
  Ele mata, um a um, todos os guarda do imperador até ficar face a face com ele. Então desafia o Imperador para um duelo.
  Após o imperador Amarelo escolher sua melhor arma só dois embatem um glorioso duelo, deixando, aos poucos, as dependências do castelo até chegarem na montanha Changyang.
  Ali, o imperador consegue decapitar Xing Tian. Mas a fúria e determinação de Xing Tian era tamanha, que o bardo não sucumbiu nem mesmo a decapitação.
   Ele deu um jeito de ficar sem cabeça mesmo, criando uma boca na barriga, e fazendo olhos crescerem em seus mamilos. O Imperador Amarelo divide a montanha e derruba Xing Tian no abismo. Onde ele está até hoje, opositor dos deuses.


Esfinge. A enigmática.


  Filha de ninguém menos do que Quimera com Ortros (um cão de duas cabeças) a aberração é enviada por Hera para os arredores da cidade de Tebas, não permitindo aos viajantes que entrassem na cidade. Isso era, pelo, visto, uma punição a essa cidade desleal.
  Como bem sabemos essa criatura horrenda tinha corpo de leão e rosto de mulher.
  A esfinge acreditava ter uma sabedoria invencível no que tange a criar enigmas. Ela devorava todo o viajante que não conseguia decifrar seu enigma.
  Quando o viajante tentava entrar pelo portões da cidade, a Esfinge o parava a dizia: “Decifre o enigma ou devoro-te”, o viajante não conseguia decifrar e virava a refeição da monstra. A esfinge, pelo significado de seu nome, pelo visto, estrangulava a vítima antes de devorá-la. Seu nome vem do termo grego sphing, que quer dizer “estrangular."
  Somente nos escritor mais recentes é que o enigma é descrito. E não é possível saber se esse era o enigma das histórias mais antigas. O enigma era:
  “Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três?”. Atualmente, qualquer criança saberia responder, por que foi transformado em uma espécie de piada nos tempos modernos. Mas na época o enigma era difícil.
  Quando Édipo respondeu acertadamente ao enigma, a esfinge teve tanto desgosto que, depois de um escândalo, se atirou de um precipício.

Ghoul. O carniçal.


  Na mitologia árabe, o Ghoul é uma criatura que se alimenta de cadáveres. É descrito como uma espécie de zumbi, sem pelos pelo corpo, com todos os dentes grandes e afiados. Pode frequentar cemitérios e desertos, onde espreita, como um abutre, quando um viajante sucumbe pelo calor.
  Ser carniceiro não quer dizer que o Ghoul não aprecie carne fresca. Se precisa caçar, ele tem um gosto preferencial por criancinhas. Talvez a lenda seja assim para evitar que as crianças árabes se aventurem pelo deserto ou por lugares inóspitos e isolados como cemitérios.
  Algumas versões da lenda dizem que os Ghouls assumem a forma de sua vítima. Assim, outro interesse em comer carne humana seria a vaidade de ter uma aparência mais humana. 



Jiang Shi. O Reanimado.


  Na antiga China, era preferível que uma pessoa que morresse fosse sepultada próxima de sua casa e de seus familiares. Assim, quando alguém morria longe de casa, era transportado para a casa para ser sepultado. Mas famílias pobres não podiam pagar o transporte do corpo por meio de veículos convencionais. Então contratavam um sacerdote que era encarregado de ressuscitar o corpo para guiá-lo de volta para a casa.
  Essa ressuscitação transformava o cadáver em um Jiang-Shi, para todos os efeitos, um zumbi, conforme a concepção dos dias de hoje, com direito, inclusive, a ser uma espécie de infecção; ou seja, o sacerdote ressuscitava o cadáver infectando-o com uma doença misteriosa que o reviviam.
  Conforme o cadáver reanimado era guiado, outro sacerdote tocava um sino para alertar as pessoas, já que causava muita má sorte ver um Jiang-Shi. O transporte também acontecia apenas à noite.
  Na realidade, sabe-se que, durante esse ritual, os cadáveres eram amarrados em bambus, para que fossem transportados na posição vertical. esse bambus, na horizontal, um cada lado, serviam de apoio para que dois homens os levassem para seus destinos. Muitos cadáveres poderiam ser transportados ao mesmo tempos com esse método; por isso era uma opção mais barata. Membros de família pobres frequentemente trabalham longe de seus familiares onde podiam ganham mais dinheiro; outro motivo para esse ser um serviço mais popular entre pobres.
  Acreditava-se que um cadáver nesse estado não só caminhava sozinho como também seriam capazes de absorver o Qi das pessoas, sua força vital.



Bal-Bal. O Carniceiro.


  Entre as tribos indígenas das Filipinas, existe a lenda de uma criatura com língua bifurcada e dentes afiados que consome corpos no cemitério. Após de comer o cadáver comple-tamente, ele coloca um tronco de bananeira no local. Também é capaz de hipnotizar uma pessoa para devorá-la quando quer variar sua dieta com carne fresca. O Bal-Bal, como chamar, emite um som similar ao de aves noturnas e, embora não exale nenhum cheiro perceptível, possui um hálito terrivelmente podre. 



Kali. A Decaptadora.


  Segunda a lenda, em uma luta entre a deusa Durga e o demônio Raktabija, o demônio usou a fertilidade de Durga para que surgisse um novo demônio em cada gota de sangue que Durga derramava. E toda vez que Durga vencia um demônio, outros milhares ressurgiam das gotas de sangue.
  Enfim, surgiu Kali, para ajudar a a deusa. Ela decapitava os demônio e depois lambia o sangue deles.
  É por esse motivo que Kali é expressa na arte hinduísta dessa forma aterradora: com um colar de crânios e com a língua sangrenta de fora.
  Kali é cultuada com uma deusa benéfica, que promete uma morte tranquila e indolor. 





Medusa. A Injustiçada.


  Medusa era uma sacerdotisa do templo a Atena, a deusa da guerra. Era belíssima mas tinha que respeitar um voto de castidade feita à deusa.
  Poseidon sentiu grande atração pela sacerdotisa. Ele invadiu o templo e a violou.
  Quem você acha que Atena iria punir? O poderoso Poseidon? Não. Ela puniu a sacerdotisa como se ela tivesse violado o voto de castidade. Porque tamanha injustiça de Atena?
  Medusa era extremamente bela, o templo de Antenas era o mais frequentado, principalmente por homens. E não era para adorar Atena e sim, simplesmente, para admirar a beleza da sacerdotisa. Um dos homens que visitava o templo chegou ao cúmulo de clamar, em voz alta, que os cabelos de Medusa eram mais belos do que os cabelos da própria deusa Atena. Imaginem a inveja que a deusa passou a cultivar dessa sacerdotisa e quanto tempo ela esperou só por uma desculpa para destruir a beleza de sua rival? Poseidon deu a desculpa perfeita.
  Atena transformou os cabelos de Medusa em serpente e a amaldiçoou de modo que qualquer homem que a visse fosse transformado em pedra. A vingança perfeita de uma deusa que invejava os belos cabelos de Medusa e a admiração que a sacerdotisa tinha dos homens.
  Mais tarde, Perseu foi até onde Medusa havia se recolhido e conseguiu decapitá-la ao descobrir o simples reflexo da Medusa, projetado em seu escudo metálico, não acompanhava a maldição.


Pintura de Francisco de Goya

Cronos. O Pedófago.



  Quando Cronos era a divindade suprema, ouvi uma profecia do Oráculo que um de seus filhos iriam tomar-lhe o trono.
  Parece que não havia anticoncepcional no mundo dos deuses gregos. Então, para evitar esse destino, nada melhor do que uma atitude drástica: Toda vez que Réia dava à luz, Cronos, como pai, pedia para carregar a criança mas, quando Réia entregava-lhe o bebê, Cronos simplesmente mandava para dentro. Cronos comeu cinco de seus filho e filhas até que Réia decidiu dar-lhe uma pedra enrolada em um manto, ao invés de Zeus, seu último filho. O deus nem percebeu a diferença só engoliu a pedra.
  Zeus cresceu escondido em uma caverna e, após isso, fez Cronos vomitar seus irmãos. Juntos, eles expulsaram Cronos e a profecia foi cumprida, Zeus se tornou o rei dos deuses.

Massakado. A cabeça Furiosa.


  Massakado foi um guerreiro japonês que desafiou o império, no século X, tomando feudo após feudo para si. O imperador, sentindo-se ameaçado pôs suas cabeça à premio. Depois de um enorme exercito ser formado para derrotar o bando de Massakado, o imperador, ao derrotá-lo, exibiu sua cabeça próximo ao muros do palácio, como aviso.
  Mas o ímpeto de Massakado era tanto que muitos que passavam pela cabeça percebiam os olhos furiosos, incrivelmente vivo de Massakado. Chegaram a relatar que a cabeça gritava algumas vezes, dando ordens como se ainda estivesse em batalha. 
  Após um tempo a cabeça simplesmente sumiu do suporte onde tinha sido colocada. Apareceu a quilômetros de distância, na vila pesqueira de Shibasaki. Acreditou-se que cabeça estaria procurando, desesperadamente o seu corpo.
  Lá em Shibasaki , os aldeões enterraram a cabeça e construiram um pequeno santuário para apaziguar sua fúria.
 Após avistamentos da cabeça de Massakado aparecendo e mordendo os passavam próximos do santuário, os sacerdotes desenterraram a cabeça e a sepultaram longe da vila.
  Após inúmeras pestes e desastres serem atribuídos a Massakado, os sacerdotes levaram os resto da cabeça para o santuário de Kanda Myojin, onde era homenageado. Toda vez que o imperador proibia as honras prestadas a Massakado, a cabeça reaparecia e causava incêndios entre outros desastres.
  Atualmente, no Japão, Massakado ganhou o status de Kami, sendo agora um deus Xintoísta. Os sacerdotes passaram a considerá-lo um Kami, simplesmente para tentar apaziguar sua fúria, tal era o medo de despertar novamente a fúria de Massakado.
  Uma praça foi mantida onde a cabeça de Massakado repousou, onde outrora fora a vila de Shibasaki. Um monumento foi erigindo ali. Quem passa pela praça costuma trazer alguma oferenda a Massakado e nunca deixam o monumento virando as costas.
  
  Então, qual dessas histórias você achou mais assustadora?

Um comentário:

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